domingo, 22 de janeiro de 2017

Como era meu pai. Parte IV.

Em nossas viagens para o interior ele procurava nos levar nos recantos pobres para nos mostrar como viviam as pessoas.
Fazia questão de nos levar em asilos de velhinhos, onde ele levava comida, biscoitos e cobertas,
creio que para nos dizer que a vida tinha muitos lados de sofrimentos e sobrevivência.
Levava a gente em lavouras, nas casas de colonos, onde as crianças não tinham leite nas mamadeiras. 
Víamos que eram preparadas misturas de farinha de trigo, água e açúcar para aplacar a fome 
daquela gente.
Meu pai chegou a ser ameaçado em Santa Rita do Passa Quatro quando levávamos mantimentos 
para as famílias de lavradores. O capataz o chamou de lado e pediu que não fizéssemos mais aquilo 
pois iríamos acostumar mal aqueles trabalhadores.
Ele fazia questão de nos mostrar que a vida exigia muito mais do que poderíamos imaginar
 e o que vivíamos era uma vida de luxo diante da pobreza do mundo.
Dávamos valor a tudo que tínhamos e cada conquista era comemorada com muito vigor. 
Sabíamos que tudo era extremamente controlado .
Esta era a visão de mundo que ele nos passava. A vida é um contraste onde tudo convive em seus extremos e isto eu carrego até hoje. Ninguém é melhor que ninguém. Somos todos iguais enquanto 
seres humanos. Temos as mesmas dores, os mesmos sofrimentos, as mesmas emoções, as mesmas doenças e as mesmas alegrias. O que nos molda é a sociedade que nos cerca.
Nossas viagens com a Kombi da Petracco




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